quarta-feira, 20 de junho de 2012

e tudo virou pelo avesso




Pensando sobre como estou, me vendo,
é como se eu estivesse dentro de um grande ciclone
que gira sem parar e destroça tudo por onde passa.
e sem nenhuma dúvida há um ciclone dentro de minha cabeça,
dentro de mim.

terça-feira, 19 de junho de 2012

alguns momentos ainda sinto um aperto quando
penso em nós.
quando penso em você me olhando
com tanto amor.
você ainda mora em mim.
a verdadeira felicidade está em compartilhar o amor.
em todas as suas nuances.
 felicidade é um dia-a-dia com sentido,
com doação de amor.
ser feliz é amar.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

toda vez que te olho,
a primeira coisa que vem à minha
cabeça e boca ( mesmo que só num
sussurro...): eu te amo.

você me encanta

vou te fazer um carinho no rosto,
te olhando direto nos olhos.
tocar em seus cabelos,
no seu pescoço.
te abraçar tão longamente
me envolvendo no cheiro que
me liberta,
no calor que a tanto quis que
estivesse junto a mim.
vou te olhar de novo, aprendendo te rosto,
desenhar os teus lábios
em meus dedos, carinhosamente
e dizer sem nada falar-
só com o meu alhar-
o quanto te amo.
e tomarei as tuas mãos, meu amor,
como em um ritual sagrado,
as levarei até minha boca,
e entre beijos inocentes e felizes,
me derramarei de amor.
então, tomarei tua boca, como
num sonho e finalmente sentirei
teus lábios, e me perderei no doce calor
e sabor que tanto desejei.
a solidão deixa o coração
amortecido.
e meio acostumado a estar
desacompanhado.
no começo dá uma grande
inquietação.
você anda meio que de antena
ligada,
captando tudo. um simples arquear de
sobrançelhas...
depois a 'sensibilidade' vai se perdendo,
você 'endureçendo', desacreditando...
e fica fácil ser só.
triste e cômico.
É quase uma adaptação para a sobrevivência.

                                     ***

a desilusão também é uma
fazedora de corações de pedra.
uma exímia fabricante de insensíveis.
( ou pelo menos em potencial)


segunda-feira, 11 de junho de 2012

me sinto muito mal há vários dias.
insônia, enjôo e dores no estômago.
além de uma gripe recorrente
com tosse.
me sinto péssima.
tenho passado por dias nada agradáveis
nos últimos meses. as dores da minha alma
estão vindo à tona, eu sei.
mas o pior mesmo é o meu desânimo com tudo.
quase não saio do quarto, da cama.

sábado, 9 de junho de 2012

Esperemos


Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma
que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-nos
com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato.


P. Neruda
Acontece


Bateram à minha porta em 6 de agosto,
aí não havia ninguém
e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira
e transcorreu comigo, ninguém.

Nunca me esquecerei daquela ausência
que entrava como Pedro por sua causa
e me satisfazia com o não ser,
com um vazio aberto a tudo.

Ninguém me interrogou sem dizer nada
e contestei sem ver e sem falar.

Que entrevista espaçosa e especial!


( Pablo Neruda )

sexta-feira, 8 de junho de 2012

eu entendo a tristeza que você sentia no momento em que se feriu e me deixou.
e seu sangue derramado até a última gota naquele banheiro...
claramente eu entendo e meu coração dói e dói tanto.
e essas lágrimas atestam a grande vergonha
que sinto de mim mesma.
eu sei que eu colaborei para que acontecesse.
a minha dureza, a minha frieza, meu desamor.
eu te matei um pouco também
quando não soube te amar até às últimas consequências.
quando me calei,
quando te recriminei,
e não te apoiei,
quando duvidei do meu amor.
agora eu sei o que sentiu ali,
só.

sentir-se assim como se não fosse palpável
como se não existisse,
como se flutuasse no vazio da alma,
é um sentimento pavoroso
e uma dor sem tamanho.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

amor, música e poesia


fundem-se num só rítmo,
compasso
e refrão.
e forjam o coração.
vivo
e sedento.
e já não se separam.
porque em cada verso soa o acorde mais puro.
a palavra musicada de amor.
e amar é poesia.
e poesia é música sem som.
música e poesia é amor.
é quando escuta-se o silêncio das entrelinhas.
e canta-se um verso com o olhar.
o amor passeia nas letras,
e as enchem de sentido
e é capaz de fazê-las cantar.



vivemos sem nós a vida inteira,
e era tão natural.
então, dá pra retomar viver assim.
o esquecimento pode ser uma bênção.
sim, pode ser.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

não sei bem,
mas sinto um certo cheiro
de morte
em minha vida.
Não sei explicar, mas acho que algo estar
pra acontecer comigo.
Não entendo, só pressinto.
E sinto medo.

terça-feira, 5 de junho de 2012

existem lugares onde só entram as alegrias.
As tristezas todas ficam apertadas neste espaço
e  acabam indo embora.
As dores parecem procuram um outro lugar.

Senhora das tempestades e dos mistérios originais
quando tu chegas a terra treme do lado esquerdo
trazes o terremoto a assombração as conjunções fatais
e as vozes negras da noite Senhora do meu espanto e do meu medo.

Senhora das marés vivas e das praias batidas pelo vento
há uma lua do avesso quando chegas
crepúsculos carregados de presságios e o lamento
dos que morrem nos naufrágios Senhora das vozes negras.

Senhora do vento norte com teu manto de sal e espuma
nasce uma estrela cadente de chegares
e há um poema escrito em páginas nenhuma
quando caminhas sobre as águas Senhora dos sete mares.

Conjugação de fogo e luz e no entanto eclipse
trazes a linha magnética da minha vida Senhora da minha morte
teu nome escreve-se na areia e é uma palavra que só Deus disse
quando tu chegas começa a música Senhora do vento norte.

Escreverei para ti o poema mais triste
Senhora dos cabelos de alga onde se escondem as divindades
quando me tocas há um país que não existe
e um anjo poisa-me nos ombros Senhora das Tempestades.

Senhora do sol do sul com que me cegas
a terra toda treme nos meus músculos
consonância dissonância Senhora das vozes negras
coroada de todos os crepúsculos.

Senhora da vida que passa e do sentido trágico
do rio das vogais Senhora da litúrgica
sibilação das consoantes com seu absurdo mágico
de que não fica senão a breve música.

Senhora do poema e da oculta fórmula da escrita
alquimia de sons Senhora do vento norte
que trazes a palavra nunca dita
Senhora da minha vida Senhora da minha morte.

Senhora dos pés de cabra e dos parágrafos proibidos
que te disfarças de metáfora e de soprar marítimo
Senhora que me dóis em todos os sentidos
como um ritmo só ritmo como um ritmo.

Batem as sílabas da noite na oclusão das coronárias
Senhora da circulação que mata e ressuscita
trazes o mar a chuva as procelárias
batem as sílabas da noite e és tu a voz que dita.

Batem os sons os signos os sinais
trazes a festa e a despedida Senhora dos instantes
fica o sentido trágico do rio das vogais
o mágico passar das consoantes.

Senhora nua deitada sobre o branco
com tua rosa dos ventos e teu cruzeiro do sul
nascem faunos com tridentes no teu flanco
Senhora de branco deitada no azul.

Senhora das águas transbordantes no cais de súbito vazio
Senhora dos navegantes com teu astrolábio e tua errância
teu rosto de sereia à proa de um navio
tudo em ti é partida tudo em ti é distância.

Senhora da hora solitária do entardecer
ninguém sabe se chegas como graça ou como estigma
onde tu moras começa o acontecer
tudo em ti é surpresa Senhora do grande enigma.

Tudo em ti é perder Senhora quantas vezes
Setembro te levou para as metrópoles excessivas
batem as sílabas do tempo no rolar dos meses
tudo em ti é retorno Senhora das marés vivas.

Senhora do vento com teu cavalo cor de acaso
tua ternura e teu chicote sobre a tristeza e a agonia
galopas no meu sangue com teu catéter chamado Pégaso
e vais de vaso em vaso Senhora da arritmia.

Tudo em ti é magia e tensão extrema
Senhora dos teoremas e dos relâmpagos marinhos
batem as sílabas da noite no coração do poema
Senhora das tempestades e dos líquidos caminhos.

Tudo em ti é milagre Senhora da energia
quando tu chegas a terra treme e dançam as divindades
batem as sílabas da noite e tudo é uma alquimia
ao som do nome que só Deus sabe Senhora das tempestades.

Manuel Alegre

domingo, 3 de junho de 2012

faço,algumas vezes, umas coisas
que definitivamente
atestam
o quanto sou idiota.