segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

É bom viver e é bom encontrar a beleza que existe em nossa própria vida.
A beleza na grande ordinariedade em que se passa tudo, todo dia, e dia após dia.
Isso não a torna menos ou mais vida que nenhuma outra: A faz nossa!
Tão nossa, e só nossa, que é aí que acontece sua elevação para o maravilhoso e excepcional!
Só eu posso ter a minha vida! Com suas belezas e durezas! Com as leituras que faço! Isso é bem bacana. Muito, muito bacana mesmo.
Neste ano eu aprendi a me respeitar mais.
A me ouvir mais, não me forçar,
não ir de encontro a mim.
Isso me ajudou muito a ser eu um pouco mais também e a me apropriar do que sou.
Me fez mais tranquila, confiante
e melhor me lançou ao outro.
Estar mais atenta a mim mesma de certa forma me abre. 

domingo, 9 de dezembro de 2012

Partindo do princípio que o amor, o bem querer,  é atemporal.  Que
a lembrança é um pedacinho do bem, do calor e da presença. E
que a vida é infinita, transcendente e imortal: Digo que te amo,
com o mais (e)terno amor, digo que lembrar de ti não é sacrifício
ou martírio algum  e creio - convictamente - que desfrustas de um belo,
 pleno e feliz viver...
E quanto a mim, ainda cercada por finitudes, sentir saudades é
amar, é uma maneira branda de nunca esquecer.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Impreciso é o tempo do esquecimento.
O [re]lembrar é por vezes uma fênix.
E o [re]sentir um louco.
Lembrar de esquecer de sentir: só com o tempo -
aquele mesmo que não se programa às conveniências,
e que, não raro, tem aversão aos dias do calendário.


domingo, 4 de novembro de 2012



Observar o ir e vir frenético das pessoas com seus 'inúmeros pacotes'
me deixa com grande cansaço e inquietude:
pra que tudo isso? que corrida sem sentido?
Me acho tão deslocada...
O intervalo entre o nascer e o morrer é, na maioria das vezes, patético e insano:
 uma corrida para o nada.

sábado, 20 de outubro de 2012

Essa vontade de encontrar as respostas
para as perguntas que nunca fiz...






domingo, 14 de outubro de 2012

Deparo-me, às vezes, com situações tão difíceis de deixar, esquecer, ir adiante...
São aquelas coisas que me arrastam de volta a pensamentos e sensações,  e desejos, e ao  'famigerado'  se... acabo gastando uma energia em vão.
Acho que já tive menos dificuldades nisso...
( Oh, não deveria estar amadurecendo e ficando mais sábia para lidar com esse tipo de coisa?)
 


sábado, 13 de outubro de 2012

Sem Segredos

Boa noite, minha Vida...
Vem, querida, senta aqui para que eu confidencie segredos da minha alma...
Queres saber ou já sabes? Mas eu preciso dizê-los para certificar-me de que já os conhece e, assim, quem sabe descubra eu mesma mais alguns... aqueles mais distantes de toda a consciência e que se revelam por um capricho indireto de respiração, fôlego, emendo ou sacrifícios dos sentido
s... que a minha indisposição física seja auxiliar valiosa nesta tarefa, ou, ao menos, se não souber encontrar nas palavras o seu remédio, que encontre no mero balbuciar a medula própria à sua cura.
Senta ou levanta... que arremendo de figura! fica como estás, presa em mim, agarrada desgarrada de mim, garra em mim, guerra em mim, guelras em mim, nadadeiras de profundezas em mim, sabatanas em mim, cem centenas de antenas de milhares de milhas em mim... som de ritmo abandonado e muito só em mim... vamos estabelecer toda a aproximação que nos distanciou para esta ilha de mim, de visitante de rompantes de relampejos e vales escuros de segredos de degredos, de dedos decepados em anéis coroados e cabeças aneladas de coroas imaginadas...
Espelho ou espeto, me reflitas e me espetes para além do papagaio de mim, muito sabido de mim: porque eu nada sei de mim. Oh Vida, me formigues além das cãibras de mim e tira este mim de mim, preciso eu. Necessito-te precisa, prática e enfática; anseio-te crua com alguma veste nua, no que a veste reveste o contorno da lua para que possamos apontá-la e dizer: olha a lua. E assim eu diga; olha a Vida. (...)

Maria Cristina Gama - do livro: Trilogia do Poderoso Imperfeito - 2004
( Escritora e artista plástica sergipana - 1964-2010)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O meu tesouro mais valioso
sou eu mesma:
minha humanidade,
a capacidade de me encantar com
a beleza das coisas
mais simples e cotidiana,
a coragem de me buscar sempre e
todas as vezes que parto de mim,
o desejo que tenho de nunca me perder,
embora esteja sempre indo para tantos lugares...
Querer ser o que acredito
é um tesouro pra mim.




sábado, 6 de outubro de 2012

Cada dia que vivo
me convenço mais que não se pode burlar
o que se é realmente.
Dentro de mim, há algo tão meu, tão eu,
que nem eu mesma posso mudar, mesmo que eu queira...
Não falo de vícios ou virtudes, fraquezas, dádivas:
falo de mim, daquilo que me sustenta, do que me fala,
daquilo que me vem à tona, independente de qualquer coisa...
É como uma marca, um selo, uma essência poderosa, gritante
no silêncio de minhas entranhas e que me faz ser quem sou.
(e quando em uma insensatez - quero abrir mão disso por algo 'mais
atraente': cedo ou tarde caio em um vazio de ser e naturalmente
retorno a mim, ao aconchego do meu eu).
Acho que a única coisa que faço muito bem é ser eu...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012



Girassóis em dia chuvoso,
alegria de saber
que embora não veja
nada a brilhar
o seu colorido alegre
e
vibrante
me alegrará.







terça-feira, 4 de setembro de 2012

e hoje está tudo imensamente sem sentido.
eu me sentindo um esboço de gente
vagando em mim mesma
por meus labirintos vazios e
inexpressivos
e por sorrisos.
e me perguntando o que sou
e se sou ou se serei
 algum dia.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

sei que breve chegará o momento que ao
olhar teu rosto sorrindo
nada mais me será dito
- e que ele não demore mais nem um minuto.

Por que sua beleza ainda me invade?
me encanta completamente?
me prende e me liberta?
Meus pensamentos e meus desejos são seus
e minha razão debate-se sob esse amor incompreensível.

Como posso amar você desse jeito?
é tão pouco o que tenho, quase nada...
e tenho a completa certeza de que nunca terei você comigo.
e nem ao menos quero continuar te amando?

Hoje só quero mesmo é esquecer.
E vou esquecer, eu sei. Enfim, esquecerei.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

sábado, 25 de agosto de 2012

saber que tudo passa é fácil,
é óbvio, enfim.
Sentir-se passando e indo
e deixando
e sendo deixada,
é outra coisa.
é ver a impermanência
materializada.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

uma flor que por desencanto
ficou sem perfume
e sem valor.
uma dor que chegou
chegou
e chegando
resignou.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

não sei.
não sei o que pensar
ou porque pensar.
é um oco.
no peito, no leito
na alma.
é um oco no mundo.
no meu.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

refaço um pensamento.
ultrapasso meus sonhos
e sentimentos.
continuo a viver.
vivo.

E se não tivesse o amor?
não teriam buracos no peito?
não soariam alarmes em toda extensão de minha alma?

se o amor faltasse,
eu faltaria.
há algo aqui dentro que me empurra à poesia,
à beleza dos nadas.
que sempre me dá alegria ao sentir aquela rajada de vento
nos cabelos,
quando indo ao trabalho,
faço aquela curva...


domingo, 5 de agosto de 2012

E fica um espaço
no meu dia
quando você não vem.
(Mas há tanta continuidade nesse
não vir
que breve será ele
parte do meu dia.
E o dia com ele estará completo)

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

um aperto
que sem hora chega
e me deixa assim
sem ar.
Noturno
Amor! Anda o luar todo bondade, 
Beijando a terra, a desfazer-se em luz... 
Amor! São os pés brancos de Jesus 
Que andam pisando as ruas da cidade! 

E eu ponho-me a pensar... Quanta saudade
Das ilusões e risos que em ti pus!
Traçaste em mim os braços duma cruz,
Neles pregaste a minha mocidade!

Minh'alma, que eu te dei, cheia de mágoas,
E nesta noite o nenúfar dum lago
'Stendendo as asas brancas sobre as águas!

Poisa as mãos nos meus olhos com carinho,
Fecha-os num beijo dolorido e vago...
E deixa-me chorar devagarinho...

- Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade

terça-feira, 31 de julho de 2012


Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

nenhuma letra, nenhum sinal


espero por tanto tempo uma palavra tua...
algo simples, nem precisa ser grande coisa.
espero por tanto tempo. com ânsia espero e não vem.
e agora sinto uma certa raiva de mim,
dessa efervescência de minha alma,
desse me colocar sempre na 'vitrine'.
desse meu pensar e sentir em voz alta.
sinto raiva de ser assim como sou.

como somos diferentes.
e tão essencialmente semelhantes.
de coração: não sei se é pior minha fala atrapalhada
ou seu silêncio aterrador.
falar, ao meu ver, traz ao menos o 'calor da existência'.


esse silêncio eloquente me diz muito. e mais que o suficiente.
e enche os meus ouvidos
e meu coração,
de nenhuma palavra e de tudo.
um dia após o outro.
é um discurso frio - de começo, meio e fim.
é nenhum sinal. nada. e me marca.
e não pode me dizer tão mais claro e me deixar no vácuo.

não é preciso mais nenhuma não palavra, meu amor.
já me é suficiente.
pode retornar a servir os manjares das letras!
não à mim, naturalmente,
porque você já me saciou.







terça-feira, 3 de julho de 2012

Gente interessante demais,
descolada demais,
vivendo o supra sumo da vida,
fazendo o que há de melhor.
Não dá pra competir...

domingo, 1 de julho de 2012

A minha cabeça que produz pensamentos
em escala industrial,
vira e mexe
encontra um jeito de introduzir
sua voz
e seu jeito
na esteira rolante
da linha de produção.
sua voz e seu jeito,
vire mexe estão novamente
na linha de produção.
Talvez precise de recesso mental.
Isso existe? rs

quarta-feira, 20 de junho de 2012

e tudo virou pelo avesso




Pensando sobre como estou, me vendo,
é como se eu estivesse dentro de um grande ciclone
que gira sem parar e destroça tudo por onde passa.
e sem nenhuma dúvida há um ciclone dentro de minha cabeça,
dentro de mim.

terça-feira, 19 de junho de 2012

alguns momentos ainda sinto um aperto quando
penso em nós.
quando penso em você me olhando
com tanto amor.
você ainda mora em mim.
a verdadeira felicidade está em compartilhar o amor.
em todas as suas nuances.
 felicidade é um dia-a-dia com sentido,
com doação de amor.
ser feliz é amar.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

toda vez que te olho,
a primeira coisa que vem à minha
cabeça e boca ( mesmo que só num
sussurro...): eu te amo.

você me encanta

vou te fazer um carinho no rosto,
te olhando direto nos olhos.
tocar em seus cabelos,
no seu pescoço.
te abraçar tão longamente
me envolvendo no cheiro que
me liberta,
no calor que a tanto quis que
estivesse junto a mim.
vou te olhar de novo, aprendendo te rosto,
desenhar os teus lábios
em meus dedos, carinhosamente
e dizer sem nada falar-
só com o meu alhar-
o quanto te amo.
e tomarei as tuas mãos, meu amor,
como em um ritual sagrado,
as levarei até minha boca,
e entre beijos inocentes e felizes,
me derramarei de amor.
então, tomarei tua boca, como
num sonho e finalmente sentirei
teus lábios, e me perderei no doce calor
e sabor que tanto desejei.
a solidão deixa o coração
amortecido.
e meio acostumado a estar
desacompanhado.
no começo dá uma grande
inquietação.
você anda meio que de antena
ligada,
captando tudo. um simples arquear de
sobrançelhas...
depois a 'sensibilidade' vai se perdendo,
você 'endureçendo', desacreditando...
e fica fácil ser só.
triste e cômico.
É quase uma adaptação para a sobrevivência.

                                     ***

a desilusão também é uma
fazedora de corações de pedra.
uma exímia fabricante de insensíveis.
( ou pelo menos em potencial)


segunda-feira, 11 de junho de 2012

me sinto muito mal há vários dias.
insônia, enjôo e dores no estômago.
além de uma gripe recorrente
com tosse.
me sinto péssima.
tenho passado por dias nada agradáveis
nos últimos meses. as dores da minha alma
estão vindo à tona, eu sei.
mas o pior mesmo é o meu desânimo com tudo.
quase não saio do quarto, da cama.

sábado, 9 de junho de 2012

Esperemos


Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma
que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-nos
com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato.


P. Neruda
Acontece


Bateram à minha porta em 6 de agosto,
aí não havia ninguém
e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira
e transcorreu comigo, ninguém.

Nunca me esquecerei daquela ausência
que entrava como Pedro por sua causa
e me satisfazia com o não ser,
com um vazio aberto a tudo.

Ninguém me interrogou sem dizer nada
e contestei sem ver e sem falar.

Que entrevista espaçosa e especial!


( Pablo Neruda )

sexta-feira, 8 de junho de 2012

eu entendo a tristeza que você sentia no momento em que se feriu e me deixou.
e seu sangue derramado até a última gota naquele banheiro...
claramente eu entendo e meu coração dói e dói tanto.
e essas lágrimas atestam a grande vergonha
que sinto de mim mesma.
eu sei que eu colaborei para que acontecesse.
a minha dureza, a minha frieza, meu desamor.
eu te matei um pouco também
quando não soube te amar até às últimas consequências.
quando me calei,
quando te recriminei,
e não te apoiei,
quando duvidei do meu amor.
agora eu sei o que sentiu ali,
só.

sentir-se assim como se não fosse palpável
como se não existisse,
como se flutuasse no vazio da alma,
é um sentimento pavoroso
e uma dor sem tamanho.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

amor, música e poesia


fundem-se num só rítmo,
compasso
e refrão.
e forjam o coração.
vivo
e sedento.
e já não se separam.
porque em cada verso soa o acorde mais puro.
a palavra musicada de amor.
e amar é poesia.
e poesia é música sem som.
música e poesia é amor.
é quando escuta-se o silêncio das entrelinhas.
e canta-se um verso com o olhar.
o amor passeia nas letras,
e as enchem de sentido
e é capaz de fazê-las cantar.



vivemos sem nós a vida inteira,
e era tão natural.
então, dá pra retomar viver assim.
o esquecimento pode ser uma bênção.
sim, pode ser.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

não sei bem,
mas sinto um certo cheiro
de morte
em minha vida.
Não sei explicar, mas acho que algo estar
pra acontecer comigo.
Não entendo, só pressinto.
E sinto medo.

terça-feira, 5 de junho de 2012

existem lugares onde só entram as alegrias.
As tristezas todas ficam apertadas neste espaço
e  acabam indo embora.
As dores parecem procuram um outro lugar.

Senhora das tempestades e dos mistérios originais
quando tu chegas a terra treme do lado esquerdo
trazes o terremoto a assombração as conjunções fatais
e as vozes negras da noite Senhora do meu espanto e do meu medo.

Senhora das marés vivas e das praias batidas pelo vento
há uma lua do avesso quando chegas
crepúsculos carregados de presságios e o lamento
dos que morrem nos naufrágios Senhora das vozes negras.

Senhora do vento norte com teu manto de sal e espuma
nasce uma estrela cadente de chegares
e há um poema escrito em páginas nenhuma
quando caminhas sobre as águas Senhora dos sete mares.

Conjugação de fogo e luz e no entanto eclipse
trazes a linha magnética da minha vida Senhora da minha morte
teu nome escreve-se na areia e é uma palavra que só Deus disse
quando tu chegas começa a música Senhora do vento norte.

Escreverei para ti o poema mais triste
Senhora dos cabelos de alga onde se escondem as divindades
quando me tocas há um país que não existe
e um anjo poisa-me nos ombros Senhora das Tempestades.

Senhora do sol do sul com que me cegas
a terra toda treme nos meus músculos
consonância dissonância Senhora das vozes negras
coroada de todos os crepúsculos.

Senhora da vida que passa e do sentido trágico
do rio das vogais Senhora da litúrgica
sibilação das consoantes com seu absurdo mágico
de que não fica senão a breve música.

Senhora do poema e da oculta fórmula da escrita
alquimia de sons Senhora do vento norte
que trazes a palavra nunca dita
Senhora da minha vida Senhora da minha morte.

Senhora dos pés de cabra e dos parágrafos proibidos
que te disfarças de metáfora e de soprar marítimo
Senhora que me dóis em todos os sentidos
como um ritmo só ritmo como um ritmo.

Batem as sílabas da noite na oclusão das coronárias
Senhora da circulação que mata e ressuscita
trazes o mar a chuva as procelárias
batem as sílabas da noite e és tu a voz que dita.

Batem os sons os signos os sinais
trazes a festa e a despedida Senhora dos instantes
fica o sentido trágico do rio das vogais
o mágico passar das consoantes.

Senhora nua deitada sobre o branco
com tua rosa dos ventos e teu cruzeiro do sul
nascem faunos com tridentes no teu flanco
Senhora de branco deitada no azul.

Senhora das águas transbordantes no cais de súbito vazio
Senhora dos navegantes com teu astrolábio e tua errância
teu rosto de sereia à proa de um navio
tudo em ti é partida tudo em ti é distância.

Senhora da hora solitária do entardecer
ninguém sabe se chegas como graça ou como estigma
onde tu moras começa o acontecer
tudo em ti é surpresa Senhora do grande enigma.

Tudo em ti é perder Senhora quantas vezes
Setembro te levou para as metrópoles excessivas
batem as sílabas do tempo no rolar dos meses
tudo em ti é retorno Senhora das marés vivas.

Senhora do vento com teu cavalo cor de acaso
tua ternura e teu chicote sobre a tristeza e a agonia
galopas no meu sangue com teu catéter chamado Pégaso
e vais de vaso em vaso Senhora da arritmia.

Tudo em ti é magia e tensão extrema
Senhora dos teoremas e dos relâmpagos marinhos
batem as sílabas da noite no coração do poema
Senhora das tempestades e dos líquidos caminhos.

Tudo em ti é milagre Senhora da energia
quando tu chegas a terra treme e dançam as divindades
batem as sílabas da noite e tudo é uma alquimia
ao som do nome que só Deus sabe Senhora das tempestades.

Manuel Alegre

domingo, 3 de junho de 2012

faço,algumas vezes, umas coisas
que definitivamente
atestam
o quanto sou idiota.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Nas coisas do coração,
estou me descobrindo bem pior do que
sempre me julguei na minha totalidade.
é a minha mais nebulosa faceta.
é onde sou mais instável,
é onde me perco de mim.

 nesse quesito sou a mais
imperfeita das mulheres.
esse é o caminho que mesmo estando em mim
é o meu mais desconhecido.
meu lugar menos brando e equilibrado,
é aí que chego até as lonjuras de mim.

é no meu peito que bate
que descubro minhas fraquezas, tristezas,
meus hiatos, meus vácuos.
Minhas doenças, meus embaraços,
meus laços. Tantos desencontros
e impaces.

Encontrei o meu mais insano inferno
dentro do mais doce céu.
É, nas coisas do coração,
estou me descobrindo bem pior do que
sempre me julguei na minha totalidade...






agora é só silêncio e mais nada.
não vejo outra alternativa.
agora é ir embora.
não tem outro caminho.

isto tudo precisa ter um propósito maior.
se eu não tirar algo daí estarei acabada.
nunca algo me feriu tanto,
nunca algo me mostrou tanto
a que ponto posso chegar.
e o quanto posso ser maluca, paranoica,
desequilibrada e idiota.
e ser assim me faz perder as pessoas que amo e
que me amam.
e estou me sentindo
tão mal por isso.
e o que dói muito é saber que você
realmente tentou,
quis a minha presença
e eu
joguei tudo fora.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Gosto de você

quando o céu está azul ou com nuvens
ou quando chove.
quando espero a dor passar vendo outros
sorrisos.
embora seja pouquíssimo provável
o nosso encontro
e bem certo que nos perdamos .
porque gosto do seu jeito
do seu peito
do seu rosto,
e da sensação de aconchego que
entra em mim  na sua presença.
sempre que te vejo
e quando só te imagino.
gosto tanto de você,
e sei que gosta também de mim.
mas, desejo impaciente que tudo passe
e não fique nada aqui dentro.
dor nenhuma. nada que me faça sofrer.
estou cansada disto tudo
de mim e de você,
do que eu mesma causei,
do que se transformou.
quero paz! chega de dor!



domingo, 27 de maio de 2012

às vezes me sinto tão sem rumo. Perdida no meu caminho.
Parece que tudo que eu faço para consertar as coisas, só as complicam ainda mais.
E fico querendo me desvencilhar desses pensamentos todos e não consigo.
E dias como hoje me trazem um aperto sufocante no peito e tenho vontade
de sumir mundo a fora, para longe de mim e das minhas dores.
Acho que essa é umas das piores dores que já senti.
É uma dor mal resolvida. Que provém do que acabou sem acabar.
Uma dor que parece se renovar. Dor seca, sem lágrimas. E quando estas vêm
é com uma dureza tamanha, um desespero, um fastio de alegria, um sentimento
de nada na alma... E me sinto imensamente infeliz e desamparada.
Quando isso vai acabar?

sábado, 26 de maio de 2012

então, hoje, o que mais desejaria fazer se fosse possível
era retornar àquela alegria.
não eu à minha,
mas à sua...
estar consciente de suas fraquezas é de certo  modo
uma catarse.
é algo como:
eu não poderia ter feito melhor
ou
eu não sei porque não fiz melhor.
ou ainda
quem sabe um dia a vida
me dê uma nova chance
e eu consiga fazer melhor.


espaço de um milésimos de segundos.
espaço de um sopro,
de um toque,
de um gesto,
de uma palavra.
espaço tão ínfímo
que nem é espaço.

domingo, 20 de maio de 2012

e o amor parece que acaba...

e se instala outra coisa em seu lugar.
e vão os dias sem muito rumo ou belas cores.
Há cores apenas pra recobrir. Não faz cintilar.
e sorrisos apenas pra alegrar, não faz vibrar.
e vida apenas para constar, não arrebata
é burocrático.
nada acontece ao meu coração a não ser essa sensação de que há coisas que nunca se vão.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

eu te olho e te amo.
eu te amo e sinto dor.
e dói insistentemente.
eu sei que é em vão sofrer.
porque há coisa que simplesmente
não é pra ser.

domingo, 13 de maio de 2012

eu não consigo deixar de amar você, e de repente vem aquela
vontade tão urgente de te ter.
e vem na minha cabeça pensamentos de carinho.
e eu fico esperando por você aqui dentro e fico te amando
tanto no meu silêncio.






quero escutar uma música suave
que seja como um afago
ao meu coração.
com letra perfeita,
e melodia original.
e um compasso que me acerte o passo,
que me tire do chão.

sábado, 12 de maio de 2012







não tenho mais nada a dizer.
e nem quero falar nada mais.
meu peito sangra,
meu coração dói e minha língua está seca.
é o suficiente.
não precisa de mais nenhuma letra.





quinta-feira, 10 de maio de 2012



quando vou deixar de pensar em você.
de te amar, tanto.
de te querer tanto.



 

segunda-feira, 7 de maio de 2012

quando tudo fica sem graça
o que fazer?
esperar?

Minha vida foi tomada por um nada.
meu nada é cheio de ausências.
repleto de pensar.
completo de falta.
cansaço imenso.

seis meses se passaram
e tudo dói como ontem
dores que se renovam
em lágrimas secas e
apertos mudos.

o meu grande desejo de hoje.
ir. somente.
não ficar....
ir. somente.
não ficar...




domingo, 6 de maio de 2012

socorro, eu não estou sentindo nada.
nem medo, nem calor, nem fogo,
n ão vai dar mais pra chorar
nem pra rir.


socorro, alguma alma, mesmo que penada,
me empreste suas penas.
já não sinto amor nem dor,
já não sinto nada.


socorro, alguém me dê um coração,
que esse já não bate nem apanha.
por favor, uma emoção pequena,
qualquer coisa que se sinta,
tem tantos sentimentos,
deve ter algum que sirva.


socorro, alguma rua que me dê sentido,
em qualquer cruzamento,
acostamento, encruzilhada,
socorro, eu já não sinto nada.


Alice Ruiz

sábado, 5 de maio de 2012



meu coração secou.
emoção sem cor.
 sem amor são.
só.
oco
 coração.


E o que é o amor verdadeiro?

Eu sempre ouvi e até já concordei com a citação: " não se ama o que não se conhece".  Porque eu só conhecia o conhecer  ordinário. aquele que é no dia-a-dia. Não imaginava que existisse outro tipo de conhecer, ou que existesse as entrelinhas do conhecimento de alguém, aquela que abre pra nós o extraordinário e acaba deixando um gosto de querer mais, de querer a pessoa toda, nos seus mais ordinários momentos.
Eu comecei a te amar deste jeito extraordinário. Te amei apaixonadamente lendo as suas entrelinhas. Amei com todo meu coração, o pouco de concreto que podia ter de você: seu caráter, sua força, sua clareza, sua beleza, seu sorriso, seu carinho, sua paixão, seu coração iluminado, sua voz, seu pensamento...
e por esse pouco, me abri a um amor tão sério e louco, improvável, indizível, um amor tão verdadeiro... que desejei tanto conhecer todo o resto que circundava a sua vida. mesmo sabendo das impossibilidades.
e sonhei em está ao seu lado pra sempre, te amando também no ordinário e te descobrindo ainda mais o extraordinário. Isso é amor de verdade, eu sei. Te amei de verdade, contra todo o improvável, te amei de verdade...
e vieram as dores da impossibilidade, os percalços da distância, a necessidade do toque, e os meus desequilíbrios patéticos, e vieram, e vieram...
e nos perdemos. eu te perdi. e tenho consciência que fui eu mesma que tornei o que era leve, feliz e gostoso, algo ruim, doloroso e complicado...  restando por isso a necessidade do esquecimento.  E esquecer a quem tanto se ama é uma dor tão doída, principalmente por ser minha culpa, é uma nódoa eterna na alma.
queria ter sabido fazer melhor do que fiz. ser menos passional, sentir menos a distância, sentir menos o afastamento. Queria ter sabido deixar você ir de forma natural e também ter naturalmente ido. Teriam ficado as nossas conversas, nosso carinho, nossa amizade. Mas, eu não soube e então fiz você sofrer um bocado e eu também sofri outro tanto assim. E só restou o afastamento para o nosso próprio bem. a frieza do silêncio, a proteção, e a busca pela borracha do tempo...
Um pedaço de mim se foi com você, um pedaço de você ficou aqui em mim.
Ainda penso muito em você. Na verdade não te esqueço jamais. E nunca deixarei de te amar. Quem sabe amarei outra pessoa ainda, e serei amada como fui amada por você, e ela me será preciosa como você me é, e eu terei por ela os mais nobres sentimentos, como os tenho por você. Mas, ainda assim, não deixarei de te amar jamais. Você fez meu coração ressuscitar ao amor e a vontade de viver. E isso é algo que eu jamais poderei esquecer. Perdoe-me por minhas loucuras, meus desequilíbrios, minhas infantilidades... perdoe-me. Preciso aprender tanto ainda, ser alguém melhor, com mais equilíbrio. Tudo que eu fiz, foi por não saber fazer. Tudo que eu disse, foi por não saber dizer. Tantas vezes faço o mal que não quero fazer. Especificamente eu queria me derramar toda amor, apenas amor, doçura, bondade, bem. E não, ser fonte de sofrimento e dor como fui. Perdoe-me.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

quero ter uma longa conversa com você.
e talvez melhorar um pouco tudo isso. desfazer essa fumaça.
estou buscando mais equilíbrio, já que não sou tão boa com as palavras.
espero o momento certo, ele chegará.
Mas, agora, eu preciso aprender a fazer silêncio. respeitar o seu momento.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

sem viagens em naves.
sem descobertas.
desinteressante.
sem idiomas.
sem sono.
sem planos.
simples.
oh, pouco!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

silêncio mordaz eloquente.
rasga a alma no  dente.
sangue transparente,
peito
é
pó.
nada pra dizer...
O que se tem a dizer
que já não tenha sido dito?
e o que se quer
além do indolor esquecimento?
imperfeições perfeitas
de caminhos cruzados.
um ponto que se encontra
e pronto.
e ponto!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Hoje eu me observei adulta.
 (uau, já era tempo!rsrs)

me observei assim ao ver Cacá sendo ela.
tão estabanadinha. tão menina em tudo.tão "não sei definir"
tão no alto dos seus dezoito...
Vi que eu já não era assim.
Estou me vendo amadurecer. E isso é tão bom.
Os meus erros não estão sendo em vão. Meus acertos também.
Minhas dores e lágrimas acrescentam um tanto de maturidade forçada e esperada,
meus acertos, uma rota, talvez.
É a natureza seguindo seu curso, mesmo no meu coração de sete,
que de alguma forma rejeita a adultice do ser e o peso que ela fatalmente pode trazer.
É a vida seguindo... e eu estou indo feliz.
mas, sem me "perder" por completo, haverá sempre um frescor.
pensando qão insípida pode ser a vida.
tudo tão igual, mas tão diferente...

segunda-feira, 30 de abril de 2012

olho tua carinha linda e meu coração se enche de amor.
imposível não sentir uma vontade enorme de te ter por perto,
é difícil não sonhar com felicidade...

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O espaço de minha alma é o infinito.
do meu coração é o amor.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

e porque te amo,
 simplesmente me derreto toda ao falar com você.
e... me sinto um ser totalmente nu.
"nu com minha máscara"


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Indo passo a passo
na minha busca.
Em uma busca que é só minha.
Chegando e saindo. Com perdas e ganhos.
A minha cabeça pensa, meu coração pulsa
minha vida me leva.
E eu vou amando e desamando.
E não me importo se não chego aos lugares que quero,
pois quando vou passando por outros, me distraio.
E eu que nem desconfiava que eles existiam,
sorrio. Descubro que a ida, no fim das contas, é
tão bacana quanto a chegada. e que a boa chegada é apenas 
o começo pra uma nova partida.

Então: recomeço a minha busca,
 passo a passo.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Último Post


Escrevo cartas pro mesmo endereço
Chamo o teu santo nome em vão num verso
Amo, reclamo, protesto
Não me calo, grito alto
Tropeço na tua frente

Deixo rastros em tua porta
Jogo pedras em tua vidraça
E você se faz de morta

Deixo rastros em tua porta
Jogo pedras em tua vidraça
O tempo passa e pouco importa

Sinto arder a pele
Que me queima, é amor
E eu me peço calma
Quero acalmar meu corpo
Dentro da tua alma

Zeca Baleiro






Há sonhos que devem permanecer nas gavetas,
nos cofres, trancados até o nosso fim.
E por isso passíveis de serem sonhados a vida inteira.

Hilda Hilst

segunda-feira, 23 de abril de 2012

esse mundo que existe e participamos é apenas uma projeção de nossa cabeça...

domingo, 22 de abril de 2012

A poesia está guardada nas palavras – é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.

Manoel de Barros


sábado, 21 de abril de 2012

Será preciso cem anos para esquecer
e mais alguns dias talvez.
será preciso o mar pra inundar
e trazer de novo uma brisa.
Quero buscar a imensidão.
Algo que desfaça a fumaça.
Dias a fio, noites em claro,
ah, sol da minha noite...
Tempo incoberto por nuvens que não chovem,
sorriso incompleto.
Ainda há tanto você em mim. ainda há seu rosto...
espero que cem anos passem.
espero tanto e tanto.

O enredo da vida é impressionante...
às vezes, se não fosse eu mesma a personagem principal,
não acreditaria.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

e porque sou um sete...

seria tão bom não me explicar e me entender.
como pode alguém ser tão aquém e além?
e o mais raso e pouco,
descer à tamanhos abismos?

E cada dia sou mais sete e menos me entendo.
e menos sete sou por isso.
(ou por isso mesmo é que sou sete?)
se ser quem sou é ser sete,
é quase impossível não sorrir.
eu sou o sete menos sete que conheço, na verdade
e desta forma me encontro no ponto.
sete.
:-D

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Eu sei que a coisa mais fina do mundo é o sentimento...
como este que insiste em morar no meu peito, e que, contra tudo que é razoável, permanece.
Ó sentimento incansável!  até quando fará meus olhos brilharem? ora de lembranças ora de lágrimas?
Desconfio que você será meu nobre companheiro sempre, com sua doce presença, mesmo que em silêncio.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

ORFANDADE

"Meu Deus,
me dê cinco anos.
Me dê um pé de fedegoso com formiga preta,
me dê um Natal e sua véspera,
o ressonar das pessoas no quartinho.
Me dê a negrinha Fia pra eu brincar,
me dê uma noite pra eu dormir com minha mãe.
Me dê minha mãe, alegria sã e medo remediável,
me dê a mão, me cura de ser grande.
Ó meu Deus, meu pai,
meu pai."


Adélia prado
Ausência de poesia

Aquele que me fez me tirou da abastança,
Há quarenta dias me oprime do deserto. (...)
Ó Deus de Bilac, Abraão e Jacó,
Esta hora cruel não passa?
Me tira desta areia, ó Espírito,
Redime estas palavras do seu pó.


Adélia Prado

sexta-feira, 13 de abril de 2012

 Durante aquela prova, como pensei em você.
Te imaginei entrando na sala e fiquei olhando para o vazio como que te desenhando.
Daria tudo pra te ver de novo. pra te olhar nos olhos. pra te dar um abraço e pedir desculpas pelo meu destempero. Pra te dizer que você tem tanta importância pra mim.
Mas, dentro de mim sei que nunca mais nos veremos e que tudo acabou.
senti muita vontade de chorar, um aperto, um nó. E tudo isso por minha culpa.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Me bate uma saudade...
E tenho no repertório umas duzentas músicas para você.
te amar cantando com vozes de outros.
Tenho tanto ainda a dizer...
E no coração umas duzentas músicas para você.



terça-feira, 10 de abril de 2012


se me fosse dada a chance de consertar uma burrada de minha vida
eu certamente escolheria essa última. O que fiz conosco que seria consertado.
A vida é tão estranha. Eu sou tão estranha... consigo ser a mais insensata e destemperada das criaturas. Tenho as mais esquisitas atitudes, do nada... sou impulsiva e pago por isso.
Eu quero ser amada. Esse desejo é como uma bola de neve que vai crescendo ao descer uma montanha. Há um perigo enorme nesse descer desordenado, nesse crescer. Tem momentos que as coisas do caminho serão "arrastadas"  pela fúria que desce.
Eu consertaria essa atitude infantil, ciumenta e insana. E não perderia sua companhia, sua lembrança, seu carinho, seu amor, sua amizade. Eu não te perderia.
Além de amor, eu sinto por você a maior admiração do mundo. É bacana você ser assim, é bacana você existir dessa forma que é. E gosto de você por isso.
quem sabe a vida me dá uma outra chance e eu possa ainda consertar o que fiz e reconquistar a sua amizade. Se isso não acontecer sei que faltará um pedaço pra sempre dentro de mim.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Do Vento

Alimenta o fogo
atormenta o mar
arrepia o corpo
joga o ar no ar

leva o barco a vela
levanta os lençóis
entra na janela
leva a minha voz

nuvens de areia
folhas no quintal
canto de sereia
roupas no varal

tudo vem do ven-tudo vem
do vento vem tu-do vento vem
do vento vem tudo
tudo bem

sacode a cortina
alça os urubus
sai pela narina
canta nos bambus

cabelo embaraça
bate no portão
espalha a fumaça
varre a plantação

lava o pensamento
deixa o som chegar
leva esse momento
traz outro lugar

tudo vem do ven-tudo vem
do ven-tudo vem
do vento vem tu-do vento
vem tu-do vento vem
do vento vem tudo
tudo bem



(Arnaldo Antunes/Paulo Tatit/Sandra Peres)


tô querendo ser feliz.
querendo virar pelo avesso o que se instalou
e mudar de cidade,
de carreira,
de amor.
e pegar o primeiro trem que passar
e voar. ir além,
ao além, sem ninguém, com alguém, blá blá blá...
ahhhhhhhhhh! e talvez nunca voltar.

o que importa mesmo é rumar! ter desejo de ir buscar!
e se não encontrar? Ué! e se não encontrar
encontrado está!
O que tô querendo mesmo é ser feliz.
muuuuito feliz!
D.e.s.v.a.i.r.a.d.a.m.e.n.te.
E  passar os dias
olhando o doce espetáculo do poente,
correndo embaixo do sol,
tomando sorvete de coco com amendoim,
ouvindo blues de Madeleine Peyroux,
escrevendo versinhos de amor,
e pagando as contas no fim do mês.
bommmm...
e se puder escolher onde isto vai acontecer,
que seja sempre dentro do meu coração, sempre.
 E que se estenda para onde eu estiver,
não importa o local,
Paris, Jaú, Montreal...
tem que ser aqui dentro de mim...
Porque o que tô querendo mesmo é ser feliz.



quinta-feira, 5 de abril de 2012

Tô Só

Crônica de Hilda Hilst

      Vamo brincá de ficá bestando e fazê um cafuné no outro e sonhá que a gente enricô e fomos todos morar nos Alpes Suíços e tamo lá só enchendo a cara e só zoiando? Vamo brincá que o Brasil deu certo e que todo mundo tá mijando a céu aberto, num festival de povão e dotô? Vamo brincá que a peste passô, que o HIV foi bombardeado com beagacês, e que tá todo mundo de novo namorando? Vamo brincá de morrê, porque a gente não morre mais e tamo sentindo saudade até de adoecê? E há escola e comida pra todos e há dentes na boca das gentes e dentes a mais, até nos pentes? E que os humanos não comem mais os animais, e há leões lambendo os pés dos bebês e leoas babás? E que a alma é de uma terceira matéria, uma quântica quimera, e alguém lá no céu descobriu que a gente não vai mais pro beleléu? E que não há mais carros, só asas e barcos, e que a poesia viceja e grassa como grama (como diz o abade), e é porreta ser poeta no Planeta? Vamo brincá
      de teta
      de azul
      de berimbau
      de doutora em letras?
      E de luar? Que é aquilo de vestir um véu todo irisado e rodar, rodar...
      Vamo brincá de pinel? Que é isso de ficá loco e cortá a garganta dos otro?
      Vamo brincá de ninho? E de poesia de amor?
      nave
      ave
      moinho
      e tudo mais serei
      para que seja leve
      meu passo
      em vosso caminho.*
      Vamo brincá de autista? Que é isso de se fechá no mundão de gente e nunca mais ser cronista? Bom-dia, leitor. Tô brincando de ilha.

* Trovas de muito amor para um amado senhor - SP: Anhambi, 1959.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Trago hoje meu coração atormentado por esta saudade infinita.
Ela dói aqui dentro como um aperto e me deixa com um nó na garganta.
Tem algo em mim que nunca deixa de te querer. Tem algo em ti que parece feito para mim.
Um fogo que nunca para de queimar, um cheiro que nunca cessa de me inebriar.
 Ah, como te quero.... ainda. E isso independe tanto de mim.. Sinto a dor de tua ausência .Sonho com você.... acordada. Com o coração ainda tão aberto, mesmo que desesperançado e com uma dor que me sinaliza que preciso te esquecer, te deixar passar, te deixar ir.                                                
estar ainda assim, apaixonada, só me faz sofrer e também a você...
tudo isso vai acabar um dia. E então,  já não sentirei nada.
E talvez sinta o que sinto por você por outra pessoa.


Não Penses

Não penses. Que raio de mania essa de estares sempre a querer pensar. Pensar é trocar uma flor por um silogismo, um vivo por um morto. Pensar é não ver. Olha apenas, vê. Está um dia enorme de sol. Talvez que de noite, acabou-se, como diz o filósofo da ave de Minerva. Mas não agora. Há alegria bastante para se não pensar, que é coisa sempre triste. Olha, escuta. Nas passagens de nível, havia um aviso de «pare, escute, olhe» com vistas ao atropelo dos comboios. É o aviso que devia haver nestes dias magníficos de sol. Olha a luz. Escuta a alegria dos pássaros. Não penses, que é sacrilégio.

Vergílio Ferreira, in "Conta-corrente - nova série - 2" 





terça-feira, 3 de abril de 2012

"Eu caminho sob o sol e não há nada que impeça seus raios de
entrar dentro de mim"

M. C. Gama




e de repente foi ficando tão chato...
tudo se aquietando.
se instalando.
e de repente foi ficando tão seco...
cheio de obrigações apenas.
se eu faço, eu...
preciso...
tenho...
ficou burocrático demais.

.
It's moment of change...
"a vida leva tempo e muitos passos pra se dar"
Ziza Fernandes

segunda-feira, 2 de abril de 2012

é que o tempo passa mesmo...
e pelas esquinas a gente se perde e se acha.
e o que não dura se encaixa na mesma
faixa do que se arrasta apenas por ir.
e apenas se vai,
entre desassossegos e ais.
mas....... e o amor?
aquele mesmo sem raiz?
sem o beijo
sem o cheiro do desejo,
sem o descompasso se fundindo no abraço,
sem o laço.
por que chega e já se vai?
porque é a hora de ir... uai!
"quietim" e choroso.
intenso. nervoso.
incrédulo e
louco.
amando muito...
mesmo este,
também se vai.
entre suspiros e ais........

sábado, 31 de março de 2012

Passei Toda A Noite

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

Alberto Caeiro - O Pastor Amoroso

Vai Alta No Céu

Vai alta no céu a lua da Primavera
Penso em ti e dentro de mim estou completo.
Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.
Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelo campo,
E eu andarei contigo pelos campos ver-te colher flores.
Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,
Pois quando vieres amanhã e andares comigo no campo a colher flores,
Isso será uma alegria e uma verdade para mim.


Alberto Caeiro - O Pastor Amoroso

Dizes-me

Dizes-me: tu és mais alguma cousa
Que uma pedra ou uma planta.
Dizes-me: sentes, pensas e sabes
Que pensas e sentes.
Então as pedras escrevem versos?
Então as plantas têm idéias sobre o mundo?
Sim: há diferença.
Mas não é a diferença que encontras;
Porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as cousas:
Só me obriga a ser consciente.
Se sou mais que uma pedra ou uma planta? Não sei.
Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.
Ter consciência é mais que ter cor?
Pode ser e pode não ser.
Sei que é diferente apenas.
Ninguém pode provar que é mais que só diferente.
Sei que a pedra é a real, e que a planta existe.
Sei isto porque elas existem.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram.
Sei que sou real também.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram,
Embora com menos clareza que me mostram a pedra e a planta.
Não sei mais nada.
Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos.
Sim, faço idéias sobre o mundo, e a planta nenhumas.
Mas é que as pedras não são poetas, são pedras;
E as plantas são plantas só, e não pensadores.
Tanto posso dizer que sou superior a elas por isto,
Como que sou inferior.
Mas não digo isso: digo da pedra, “é uma pedra”,
Digo da planta, “é uma planta”,
Digo de mim, “sou eu”.
E não digo mais nada. Que mais há a dizer?


Alberto Caeiro - Poemas Inconjuntos

lindo.

quarta-feira, 28 de março de 2012

o furacão parece que está acalmando. (ufa!)
está.
o desejo e o ardor estão se rendendo ao tempo que passa.
estou no tempo do nada sentir. socorro! " nem medo, nem calor, nem fogo"
é triste e não é triste.
arrebatar-me para sofrer?
morrer à mingua da fartura?
o melhor é o nada sentir.
sem sentimento, sem desentendimentos.
sem sentimento, sem expectativa
sem sentimento... sem perdas ( e nem ganhos)
um dia quem sabe a vida me leve à alguém,
ou quem sabe à mim me traga.
Enquanto isso vou vivendo.



terça-feira, 27 de março de 2012

Quando ela fala, parece
Que a voz da brisa se cala;
Talvez um anjo emudece
Quando ela fala.

Meu coração dolorido
As suas mágoas exala,
E volta ao gozo perdido
Quando ela fala.

Pudesse eu eternamente,
Ao lado dela, escutá-la,
Ouvir sua alma inocente
Quando ela fala.

Minha alma, já semimorta,
Conseguira ao céu alçá-la
Porque o céu abre uma porta
Quando ela fala.

Machado de Assis



lindo...

domingo, 25 de março de 2012

então, uma luz...

hoje meu dia foi tão bom. Estou encontrando o meu caminho.
amar as pessoas a minha volta é meu caminho. Abrir meu coração é meu caminho.
ser feliz é o meu caminho...
muitas lembranças me fizeram chorar hoje, mas meu coração está em paz.
Trago em mim esse caminho inevitável: a felicidade.


sábado, 24 de março de 2012

São só lágrimas que escorrem dos meus olhos.
e elas secarão cedo ou tarde.
Mas eu sei que sua lembrança não se apagará jamais
de dentro de mim.
e quem sabe, num dia despretensioso qualquer,
nossas vidas se encontrem pelo caminho e
ainda nos acolhamos com perfume.

Ouvi aquela música que tanto toca meu coração e não pude me conter:
chorei de saudades de nós.
impossível não sentir um nó na garganta e um aperto no peito. Foi tudo tão lindo...
e tudo verdadeiro... e rápido, e me fez vibrar de felicidade. e me fez gostar de novo
da vida. E me fez um imenso bem.
Então esse choro agora é compreensível...  é o choro de uma pessoa apaixonada
que sente muita falta de ser amada daquele jeito. Choro de vida que passa, mas não as marcas.
Ainda penso em você, e meu dia ainda é mudado...
e meu pensamento voa na velocidade da luz àquele tempo de flores e sons, e colorido, e beijos pensados e amor real sonhado e suspiros. tempo da palavra escrita e desejada.
Sua voz ainda está nos meus ouvidos: o timbre, o compasso a melodia de letras que encheu de sorrisos e pensamentos meus momentos. sua voz e as palavras costumeiras ainda estão nestes ouvidos que quase já se acostumaram com o silêncio.
Pode parecer um grande absurdo, infantilidade, desequilíbrio ( e na verdade é...) mas o que fiz foi o que me restou naquele momento. a gente faz o que pode...  Aqui dentro me senti tão rejeitada, esquecida, um fantasma de carne e osso... sentir-se um nada quando já se foi tudo é aterrador...   eu não sei me segurar muito nesse negócio de sentimentos. Espero que me perdoe um dia.
Tudo foi tão maravilhoso que me esqueci da realidade, das lutas travadas por você, das suas dores, do seu trabalho, de sua vida verdadeira. E quis mais do que deveria querer. E desejei mais do que a mim caberia. Você não fez nada errado. Você continuou sendo um amor. Estava vivendo sua vida como deveria e como eu também deveria ter feito Meu descontrole é só meu.



de vez em quando sinto uma saudade tamanha apertando meu peito...







Se ando cheio, me dilua.
Se estou no meio, conclua.
Se perco o freio, me obstrua.
Se me arruinei, reconstrua.

... Se sou um fruto, me roa.
Se viro um muro, me rua.
Se te machuco, me doa.
Se sou futuro, evolua.

Você que me continua.
Você que me continua.
Você que me continua.

Se eu não crescer, me destrua.
Se eu obcecar, me distraia.
Se me ganhar, distribua.
Se me perder, subtraia.

Se estou no céu, me abençoe.
Se eu sou seu, me possua.
Se dou um duro, me sue.
Se sou tão puro, polua.

Você que me continua.
Você que me continua.
Você que me continua.

Se sou voraz, me sacie.
Se for demais, atenue.
Se fico atrás, assobie.
Se estou em paz, tumultue.

Se eu agonio, me alivie.
Se me entedio, me dê rua.
Se te bloqueio, desvie.
Se dou recheio, usufrua.

Você que me continua.
Você que me continua.
Você que me continua.

Você que me continua.
Você que me continua.
Você que me continua.

Você que me continua.
Você que me continua.
Você que me continua
Arnaldo Antunes

sexta-feira, 23 de março de 2012

A morte desgoverna a vida.
Hoje sou mais velha
que meu pai.

Helena Kolody

quarta-feira, 21 de março de 2012

eu e meu eterno padrão de racionalizar o mundo...
O céu seria belo
as flores  encantariam.
tudo teria sentido
e  bastaria.
brilhando o sol
haveria calor
e caindo a chuva
molharia.
se eu não te amasse.

dias nasceriam uns após outros,
pessoas morreriam,
pessoas diriam alô.
e as maçâs vermelhas agradariam
e as fontes luminosas surpreenderiam.
se eu não te amasse.

como tudo seria enfadonhamente comum
se eu não te amasse...


terça-feira, 20 de março de 2012

segunda-feira, 19 de março de 2012

Meu primeiro dia de trabalho à noite. Cansativo, porém importante: minha cabeça está mais ocupada...
Quando o coração aceita as dores e busca alternativas é a sinalização do recomeço.
eu preciso tanto disso...
e peço ao meu Deus um refrigério e agradeço pela brisa que sopra em mim, o vento no meu cabelo, o cheirinho de vida que parece que vem chegando... eu preciso tanto...
eu acredito que meu Deus me ama muito, e que vou retomar minha alegria, vou recomeçar a viver.
Eu sei que serei amada um dia. Eu sei que serei amada. Da maneira mais apaixonada do mundo, por alguém simples e verdadeiro. E irei retribuir completamente.

domingo, 18 de março de 2012

foi uma tarde mágica ao seu lado.
um sorriso tão lindo o seu.
a maneira com que me olhava,
foi uma tarde mágica.

sexta-feira, 16 de março de 2012

o silêncio e a tranquilidade podem ser bons companheiros...
Meu Deus, a minha certeza agora é que fiz tanta coisa erradamente. Nada foi premeditado,
eu sei, você também, mas a verdade é que essa é a verdade...
Perdão por não ser um alguém melhor, mais equilibrado e sereno. Por fazer as pessoas que amo sofrerem e por às vezes ser um espinho em suas carnes. Sou uma aprendiz do amor, e parece que o meu jeito de amar acompanha o meu jeito de ser: ansioso, infantiloide, displicente, inconstante, impulsivo, imprudente... e por isso erro tanto. E tanto e tanto, preciso melhorar. Mas, sou sua filha e tenho sua bondade em mim, é a centelha de sua luz que nunca se apaga do meu coração, e não posso negar que meu coração torto, também é incapaz de prejudicar, de maltratar, de dissimular, de querer fazer um mal, e quando causo sofrimento, também sofro, e não causo porque quero, e sim por ser imperfeita demais......
Me conduza para aonde eu possa crescer para o bem e para o equilíbrio, me ajuda pai, quero me encontrar e ser melhor...
e quando eu cair, como agora, seja o meu alento, seja o meu amparo, e não me deixe perder a  vontade de prosseguir...
 Eu quero tanto ser feliz de verdade. Amém.

quinta-feira, 15 de março de 2012

"Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu,
a gente estancou de repente,
ou foi o mundo então que cresceu..."

Roda viva
se eu pudesse voar...
como num sonho, com os braços abertos, sentindo o vento no rosto,
eu voaria sobre o mar, cruzaria os oceanos sem medo algum, me embriagaria do cheiro das ondas,
dos vários azuis, do imprevisível vai e vem das águas, mergulharia na imensidão de liberdade que esse gigante indomável representa pra mim...
e eu iria pra bem longe, só pra chegar dentro de mim, só pra me encontrar
e demoraria o tempo que fosse, o tempo não iria perturbar...
talvez voasse até um pico de montanha, bem alto e de lá contemplaria o pôr-do-sol, e depois outro, outro, outro... eu iria para vários lugares da Terra só pra ver os pores-do-sol. Amo a atmosfera que se cria nessa hora, o universo é mais doce quando o sol se prepara para ir, é tudo tão lindo: o canto dos pássaros, as cores do céu, a sensação de aconchego... isso me faz lembrar só coisas boas, às vezes me dá muita saudade também, mas não me entristeço, só sinto saudades... até daquilo que nunca tive... daquilo que nem sei o que é...

terça-feira, 13 de março de 2012

"Tomara / Que a tristeza te convença / Que a saudade não compensa / E que a ausência não dá paz / E o verdadeiro amor de quem se ama / Tece a mesma antiga trama / Que não se desfaz / E A COISA MAIS DIVINA / QUE HÁ NO MUNDO / É VIVER CADA SEGUNDO / COMO NUNCA MAIS", Vinícius de Moraes.

domingo, 11 de março de 2012

Dias que passam e o tempo é sempre bem vindo.
o tempo que a mim envelhece: fios brancos se mostram, pequenas rugas nos olhos,
nos lábios, na testa... vincos de vida e de morte.
O tempo é meu aliado, eu acho. ser e ser mais velha talvez me amadureça, me faça
mais sábia, me dê o traquejo que o ser sete me nega , embora eu o queira.
Há em mim uma imaturidade crônica e nata. uma certa bobeira intrínseca. Há
algo que não explico, e não controlo... não sei ser diferente. E vou vivendo amadurecendo bissextamente...
Mas, a algo do qual nem os setes com "suas almas infantilóides" escapam: as marcas das perdas. sejam elas quais forem.
A vida é uma fazedora de marcas na alma. Me sinto ferida de morte. Uma chaga que me pesa,
que me acrescenta aos ombros umas bagagens indesejadas. Estas bagagens parecem que me pioram.
queria não ter que carregá-las.


sábado, 10 de março de 2012

uma vida bastante solitária a minha.
solidão de tudo.
não me falta a alegria. pelo menos nunca me faltou.
mas o que me falta ?
ser amada?
me falta tanto e tão pouco...



surpresa por chamar a atenção de alguém assim,
com esse perfil.
a vida é insuperável nos desafios.
a vida é imprevisível.
não sei se choro ou rio.  não sei.
o que sei é que as coisas acontecem. as boas e as ruins.
e se deserolam e se enrolam como uma maré.
o que sinto é algo como gelo e fogo.
não sinto nada e sinto que posso sentir.
e se sentir o que farei? e se fizer onde irá parar?
é algo parecido com contentamento.
é um tanto surpreendente.

terça-feira, 6 de março de 2012

seguindo o tempo com o coração aberto
com o fogo ardente,
com o olhar esperançoso
que vou chegar...
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, tudo truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é"



A. Prado.

segunda-feira, 5 de março de 2012

hoje tive um dia de trabalho tão bom, agradável. Aulas que fluiram...
Agradeço a Deus pelo meu trabalho!
quero sempre ser feliz trabalhando...
É, me aperta a saudade
como uma pesada mão dentro do peito.
me sinto viva e morta
me sinto em uma encruzilhada.
sempre acreditei que o amor viesse sem grandes procuras
sem sair à cata, sem forçar a entrada. E essa minha visão só se confirma.
e comigo sempre foi assim.
o que posso fazer se te amo? a não ser o que já fiz e mesmo assim continuo
a te amar.
o que posso fazer se estou vivendo de amar você? a não ser esperar passar.
e dentro de mim é tão duro e fora de mim é tão insípido.
não quero mais esse amor.
não quero mais te amar.
leve, quem quer que seja,  essa mão pesada pra longe de mim!
basta dessa loucura sem fim!
quando me deitarei sem sonhos impossíveis? e quando acordarei sem você?
com a cura em mim?
agora o que mais quero e realmente estar sozinha, só.
quero meu coração desacompanhado do sentimento
que é só meu. e só pode ser assim.
nasci pra ser só.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012


Hoje pus cordas novas no meu violão!

Estava tocando com cordas velhas  ( elas vieram no instrumento quando o  comprei em 2010) e uma (a ré), acabou se rompendo há uns dias. Passei algum tempo tocando com o violão faltando a dita corda, o som era outro- principalmente porque já não sou lá essas coisas nem com as seis cordas-
mas, fui levando: não estava com muita coragem de ir procurar um lugar pra compra uma nova...
Hoje,  finalmente, não só coloquei a corda que faltava, mas troquei o encordoamento inteiro. As cordas antigas pareciam arames, totalmente escurecidas e enferrujadas. fiquei mesmo impressionada com a aparência delas. Então fui colocando as cordas. A sexta corda (mi) deu um pouco de trabalho, mas terminou rendendo-se ao seu propósito último. Depois fui afinando uma por uma e fiquei tão feliz com o resultado. Que som lindo! vibrante! som de cordas novas! eu já estava tão "acostumada" com o som antigo, aquele feito pelas cordas enferrujadas, que me esqueci de o quanto é bonito o som que vem de cordas novas. Elas vibram com vontade, parecem cheias de felicidade, de entusiasmo pelo que fazem... a cada troca de acorde elas fazem um barulhinho, parece um gritinho rsrs, parecem que estão também cantando...
Minha vida também precisa de cordas novas... preciso muito fazer um som diferente...
Ando meio esquecida de como é ter um som bonito, vibrante, entusiasmado...


terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

"Quem sabe eu ainda
Sou uma garotinha
Esperando o ônibus
Da escola, sozinha...
Cansada com minhas
Meias três quartos
Rezando baixo
Pelos cantos
Por ser uma menina má...
Quem sabe o príncipe
Virou um chato
Que vive dando
No meu saco
Quem sabe a vida
É não sonhar...
Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança
E não conheço a verdade
Eu sou poeta
E não aprendi a amar
Bobeira
É não viver a realidade
E eu ainda tenho
Uma tarde inteira
Eu ando nas ruas
Eu troco um cheque
Mudo uma planta de lugar
Dirijo meu carro
Tomo o meu pileque
E ainda tenho tempo
Prá cantar..."

Cazuza
lágrimas na madrugada
lágrimas pesadas, quentes, coração tão frio
cabeça com mil divagações traiçoeiras.
estou tão sem rumo.
e tudo a minha volta parece desmoronar.
clima péssimo aqui. tudo ruim.
minha casa de dentro e de fora sem chão.
não sei amar ninguém mais. não sei mais ser eu.
tudo que fui se perdeu. quem sou, afinal?
não sou.
me agarro desesperadamente a tudo que posso.
quero voltar. ( ou não ir)
esqueci de Deus. Deus (?) me esqueceu.
desaprendi a ser quem sempre fui.
tristeza demais dissolve o ser.
tristeza demais faz querer morrer.
tristeza demais é pior que a morte.
tristeza demais mata o coração que continua a bater.
me agarro desesperadamente em tudo que posso.
quero voltar ( ou não ir).
cabeça que dói.
coração que dói.
alma que dói.
vida que dói.
as dores parecem intermináveis.
quero um alívio, quero um alívio, oh, Deus!
se você ainda me ouve. QUERO UM ALÍVIO!!
cansei.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

meu peito há tanto tempo aperta que nem mais lembro de outra sensação.
na boca o gosto do amar arrancado a força.
pensamento inteiramente seu (ainda),
embora saiba que já esteja só.
Oh, Deus! quando voltarei a estar feliz?
quando isso tudo vai acabar?

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Amor, quando vier arrebate meu coração. Há tanto amor em mim esperando você chegar...
Eu sou o mar. Eu sou vulcão. Não caibo em mim. Sou paixão.


Acordei com tantas saudades de você.  Se pudesse de dar um longo abraço...
Acho que jamais deixarei de ter esse sentimento. Você me faz tanta falta.

O amor é o mago da existência... Em todas as suas versões e apresentações.
Todas as suas nuances, mesmo aquelas mais tímidas concedem um dinamismo tal ao ser,que é fácil perceber que ele está. Quando ele está tudo está. Quando ele está tudo é.
 A incompletude  parece ser mais pacífica. As infindáveis lutas, mais brandas. As vontades mais capazes. As friezas mais quentes. As dores, quase remediáveis.... Estar amando é a coisa mais maravilhosa, incrível e deliciosa do planeta! É a experiência mais libertadora que conheço- mesmo quando é feita em segredo ( se bem que é impossível camuflar a felicidade...) O amor é um par de asas. De repente você é capaz de ir ao infinito.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Língua

A língua mole, a língua dura, a língua engole lágrima e saliva doçura.
A língua gesticula. Músculo que peleja com a palavra.
Larva que queima; beija enrodilhada a boca que deseja.
Espeta-se da própria carne que é feita. É tecida de veias.

Esperneia quando cala o que pede a força da fala. As brasas da poesia mergulhadas na água.
A dor física do nada. A marca escrita na areia.´
A língua ávida do cachorro parece-se com a minha. Por que tê-la guardada?
A língua pra fora, pra baixo, pra cima. Aquela linha vermelha pendurada
fora da gaveta da cara.

Ou aquela amarela da bainha das minhas calças. A alça de uma jarra antiga.
A língua é como uma perna ajoelhada que caminha. A língua é uma
rainha e uma escrava.
É uma víbora, que pica e assopra. Uma minhoca, como uma isca.
Uma tora fininha, um prato servido na mesa.
Quanta comida que gosta e aprova. Quanto vinho, quanta bebida.

É a porta de entrada e de saída.
A língua é sórdida e linda.


Maria Cristina Gama de Figueiredo

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Noite em claro e muito sentimento.
o certo é que tudo acabou.
Pela loucura do coração que queria tudo e não suportou o possível.
Pelo insano desejo do  sentimento
que não mais lhe pertencia...

saudade e nostalgia.
o certo é que tudo se perdeu.
não existe segunda chance,
não há perguntas nem respostas.
Não há nada mais a dizer, nada a fazer.
dolorosamente,
só resta esquecer.