terça-feira, 29 de outubro de 2013

Dentro de mim há algo que fala.  
É uma espécie de silêncio que pronuncia palavras nítidas.
(não consigo deixar de ouvi-lo)
Sem alternativas, escuto muda, 
parada diante do que sou,
enquanto corro e faço o meu dia acontecer em seus detalhes. 

Meu coração é como uma caixa,
uma caixa a amplificar o som das entrelinhas
e a traduzi-lo em sentimentos e percepções.
(eles me esclarecem no que ouço sem ouvir)
Desta forma sinalizo a mim mesma a direção
e mesmo sem entender ou fazer me amparo na sua verdade. 

Ouvindo este som de mim,
querendo acertar a direção, sigo
ouvindo(-me) e acreditando no que ouço.
Ouvindo(-me) e duvidando do que ouço.
Ouvindo(-me) e confrontando o que ouço.

Sim, querendo acertar a direção, sigo.
 

sábado, 26 de outubro de 2013

É uma alegria que faz de mim
uma ilha.
e faz de mim uma ponte.
que me faz.
e me deixa fazer-me.
É uma alegria que me sacia.
que me abre a retina
e me fecha portas.
que me tira laços e
mostra o que prende.
É uma alegria que não passa.
É uma alegria que não chega.


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

e se eu não conhecesse você
meu poema.
talvez o dia nem tivesse tantas flores
ou os barcos não saissem felizes ao mar
ou mesmo eu,
tão desligada,
nem me desse pela falta das borboletas.

Ah, meu poema...   meu poema...
ler você e não amar?
eu que sou tão
das palavras.




quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Algo em mim é luz e brilha
brilha 
brilha
brilha.
Um brilho de se ver
de se enxergar sem sombra
e de se amar por isso. 
De se amar por amar como ama.
De amar sem definir.
Um mar.


Algo dentro de mim é chama
e ama
e clama
se derrama.
sobre aquilo que me toca
e me leva e me traz
melhor e sem fim.
E me leva e me traz 
e me faz.

Algo no centro de mim ecoa
e no lado
e no lodo de mim
e no todo mim
como vozes sem som
como tímbres
acordes
estrondos
ao longo 
e me sinto vibrando
andando sem passos sem laços 
em saltos
e solta no passo
num traço 
me olho
me deixo levar. 
   
Parece que o amor
sempre sofre 

e se derrama pela madrugada.
Pássaros cantam como se soubessem o que fazem,
chuva na janela
e dentro de mim.
A cortina entreaberta, o dia que assusta,
nitidez incômoda
e desejo de ser eternamente noite.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

e se não quero acreditar na travessia
minha vida para.
e se para,
pouca coisa tenho a fazer. 
se não faço,
morro.
e tudo parece pequeno
e nada se encaixa.

Preciso acreditar na travessia
e navegar minha alma.
 


terça-feira, 8 de outubro de 2013



E quando não espero o improvável

sinto que poderá ser. 

Ele acontece no meu olhar

quando desenho em sentimentos o contorno

do teu rosto e sorriso.

Nada mais desejo além de tudo.

E tudo é o que tenho quando te vejo.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ando por um caminho em meio a um jardim.
Olho adiante
e sinto
as flores.
Não recuo, não volto atrás -
mas dentro de mim tudo se repete.