terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Do último dia penso um recomeço.
Do último minuto penso um recomeço.
Do último amor penso um recomeço.

Meu último pensamento:
um recomeço.



Também já não me importo mais...
E não quero nada além de minha paz.
Nem é preciso borboletas.
Nem é preciso, enfim.

Haverá sempre flores e sol.
E música e poesia.
E arrebatamentos todos.
Haverá sim, tudo.
Haverá sim.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

E quando você se pega completamente deslocada do mundo?

domingo, 22 de dezembro de 2013

Amar alguém ainda é o maior bem que se pode ter.
Amar com amor apaixonado
e correspondido é a melhor sensação que
o coração pode experimentar.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Esbarro em mim mesma quando penso estar longe
e sinto tudo parecer em vão.
Tenho o consolo do vento no rosto
e sua música e velocidade.
Há um misto de bem e desencontro que me
dói e cansa:
O que eu quero é paz.
O que eu quero é mais.

domingo, 15 de dezembro de 2013

E tudo vai embora
E tudo acaba.
Não há nada que dure
Não há nada.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Era uma borboleta
definindo o voo entre flores e pensamentos.
E na rapidez do dia
procurava a viva cor
dos jardins da lua.

Azuis e amarelos impossíveis,
verdes brilhantes,
róseos.
Com o céu de vento nas asas
ventava e
em idas e vindas
saltava nas entrelinhas
do estático mundo.


Era uma borboleta
na perfeita forma de nada.
Efemeridade sob nuvens
e sobre pedras
sobressaltada pelo doce da vida
que em um segundo passa.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Sementes

Muitas e de tipos diversos
espalhadas pelo vento,
pelo canto, pelo sorriso.
pela palavra e pelo silêncio.


Sementes

Caindo em todo lugar
vindo de toda parte,
se partindo em novo sem se poupar.
So[mente] mudança, dança da vida.
Brotar.



segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Também se nasce para ser sozinho.
Com uma marca invisível 
que não permite nada além de ois
e ínfimos contatos.
Nada além do que qualquer
um pode dar,
nada além da distância conveniente,
nada mais que só saber permitir
ao outro,
um pouco bem pouco de si mesmo.



domingo, 1 de dezembro de 2013

Nuvens
(Wislawa Szymborska, 2002)

Para descrever as nuvens
eu necessitaria ser muito rápida 
numa fração de segundo
deixam de ser estas, tornam-se outras.

É próprio delas
não se repetir nunca
nas formas, matizes, poses e composição.

Sem o peso de nenhuma lembrança
flutuam sem esforço sobre os fatos.

Elas lá podem ser testemunhas de alguma coisa 
logo se dispersam para todos os lados.

Comparada com as nuvens
a vida parece muito sólida,
quase perene, praticamente eterna.

Perante as nuvens
até a pedra parece uma irmã
em quem se pode confiar,
já elas — são primas distantes e inconstantes.

Que as pessoas vivam, se quiserem, 
e em sequência que cada uma morra,
as nuvens nada têm a ver
com toda essa coisa
muito estranha.

Sobre a tua vida inteira
e a minha, ainda incompleta,
elas passam pomposas como sempre passaram.

Não têm obrigação de conosco findar.
Não precisam ser vistas para navegar.

Perdes a chave da casa, perdes o botão
da blusa,
Perdes o anel de plástico da feira-
Perdes a cor dos lábios, perdes o sacudir das ancas
Mas se me perdes do teu abraço precisarei ser salva.

Perdes as combinações de notas que aprendeste, perdes o
o gosto do pão que ganhaste,
Perdes o estoque que sempre guardaste e nunca
desejaste,
Perdes teu ritmo, tuas deixas, perdes teu sentido
de passar o tempo,
Mas se me perdes do teu pensamento precisarei ser salva.

E se perceberes tua consciência atormentada por
alguma raiva justa ou equivocada,
Então perde-te a ti até lembrares de esquecer.


Perdes tua paixão e tua esperança, perdes os nós na
tua corda,
Perdes tua armadura nas lutas que enfrentas-
Perdes as crianças que geraste, perdes a batalha, perdes
a guerra,
Mas se me perdes de tua essência precisarei ser salva.

Perdes tua reverência pelos vencedores, perdes tua
paciência com o perdão,
Tu não tens que ser um mestre ou um escravo-
Perdes teus sentidos, perdes tua cabeça, perdes
tua fé na raça humana,
Mas se me perdes de tua rede precisarei  ser salva.

E se perceberes tua consciência atormentada por
alguma raiva justa ou equivocada,
Então perde-te a ti até lembrares de esquecer.


Para começar, perdes a perfeição; perdes o sonho que
mantiveste a parte,
Perdes a chance de encontrar alguém que 
iria se comportar,
E depois se tu ainda não perdeste, perdes o teu último
arrependimento de perdedor,
E se me perdes de tua rede precisarei que ser salva.


Perdes os votos que nunca proferiste, perdes a piada
leve (fácil),
Perdes tua inocência como se a desses de livre
vontade-
Perdes tua chaleira e a panela, perdes o melhor que
tens,
Mas se me perdes do teu coração precisarei ser salva.

(I Must Be Saved: Madeleine  Peyroux)